quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

No abismo

Um abismo cresce enquanto eu respiro

E quanto mais eu tento olhar pra ele mais ele aumenta

Eu nego pra mim mesma que não sei o porquê dele existir

Mas a verdade é que naquele lugar nosso onde não há controle

Tentando controlar as coisas eu me perco

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Às vezes acho que a vida não é pra mim

Mas é tudo tão lindo e atraente que me permito esse sacrilégio

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Sonho com alguém que eu não conheço

E dou a ele a responsabilidade de ser a razão da minha existência

Aquele que fechara o tal abismo

E acabará com as minhas perguntas

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O erro não está em pensar que essa pessoa existe,

Mas sim em não ver que eu já a conheço

Melhor que qualquer um e mesmo assim sei tão pouco da sua capacidade

O meu remédio sou eu.

sábado, 28 de novembro de 2009

Mas

Eu não sei onde estou indo,

Mas quero te encontrar no meio.

Eu sou que nem todo mundo, mas diferente;

Se me conhecesse, já saberia...

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Eu sou alcançável e não.

Sou a mais romântica e a mais cética também.

Eu sou a amiga e a inimiga,

A garota e o garoto,

O lobo e o coelho.

Eu sou certa pra você e errada também;

Eu fui feita na sua fôrma

Mas a gente não se encaixa.

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O ar que você respira

Eu respiro também;

A boca que você beija é minha,

E a que eu beijo é sua,

Mas não beijamos o mesmo,

Assim como não respiramos

Com um mesmo pulmão

E acreditamos num mesmo Criador.

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Nesse mundo

Não há ninguém tão diferente como você e eu,

Mesmo assim eu só quero ser sua

E você só será meu

Porque não pertencemos um ao outro

Mas somos um só.

domingo, 15 de novembro de 2009

Assim começo

A Vida agora se abre pra mim, como uma flor; como uma criança. 
Fiquei muito tempo inerte, agora eu vejo as pessoas. Eu amo as pessoas.
Amo o jeito delas andarem, brincarem, falarem, xingarem. 
Eu amo os olhares; todos os dias vejo centenas de olhos: olhos cansados, olhos sonhadores, sapecas, mas são aqueles cansados que me atraem. Por eles eu posso ver uma vida e a falta do véu da ilusão me dizem que eles já sabem. Essas pessoas já perceberam a subjetividade da sua dor, elas já sabem que são únicas, originais e portanto sozinhas. Mas elas ainda querem ser da massa, se unir, se neutralizar dentro do mar de gente. 
Eu sei que a descoberta nós faz solitários, mas Rilke diz que" o amor são duas solidões protegendo-se uma à outra". Faz sentido. Pode ser assim. A infelicidade então vem para quem não vê a impossibilidade de ser substituído.